O cinema trabalhou o tema diversas vezes. Eu selecionei 10 obras fundamentais, algumas famosas, outras injustamente pouco conhecidas…
O Triunfo da Vontade (Triumph des Willens – 1935)
O congresso Nacional-Socialista alemão de 1934 é documentado de maneira impressionante pela cineasta Leni Riefenstahl. No início, um bimotor desce dos céus, Adolf Hitler sai sorridente e é ovacionado pela multidão. Tudo é gigantesco: são paradas, desfiles monumentais e discursos para um público em total catarse. Um espetáculo cinematográfico hipnótico e terrificante que retrata, com imagens fortes, toda a pompa (e a barbárie) do regime nazista.
O Grande Ditador (The Great Dictator – 1940)
Um barbeiro judeu passa anos em um hospital do exército se recuperando de suas feridas após ter servido na guerra, sem saber do crescimento de poder do ditador fascista Adenóide Hynkel e suas políticas antissemitas. Quando o barbeiro retorna ao seu bairro tranquilo, ele fica atordoado com as mudanças brutais e, de forma imprudente, se une a uma menina bonita e seus vizinhos para se rebelar.
Saló: Os 120 Dias de Sodoma (Salò o le 120 giornate di Sodoma – 1975)
Quatro libertinos fascistas reúnem nove adolescentes, meninos e meninas, submetendo-os a 120 dias de sofrimento como escravos, obrigando-os a praticar os mais diferentes tipos de perversões, torturando-os física e mentalmente. Um filme que não é recomendável para menores de idade, obra polêmica do diretor Pier Paolo Pasolini.
A Lista de Schindler (The Schindler’s List – 1993)
O alemão Oskar Schindler viu na mão de obra judia uma solução barata e viável para lucrar com negócios durante a guerra. Com sua forte influência dentro do partido nazista, foi fácil conseguir as autorizações e abrir uma fábrica. O que poderia parecer uma atitude de um homem não muito bondoso, transformou-se em um dos maiores casos de amor à vida da História, pois este alemão abdicou de toda sua fortuna para salvar a vida de mais de mil judeus em plena luta contra o extermínio alemão.
A Outra História Americana (American History X – 1998)
Derek (Edward Norton) busca vazão para suas agruras tornando-se líder de uma gangue de racistas. A violência o leva a um assassinato, e ele é preso pelo crime. Três anos mais tarde, ele sai da prisão, e tem que convencer seu irmão, que está prestes a assumir a liderança do grupo, a não trilhar o mesmo caminho.
A Onda (Die Welle – 2008)
Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.
Um Dia Muito Especial (Una giornata particolare – 1977)
Antonietta, mãe de seis crianças, esposa de um estúpido insensível que planeja engravidá-la novamente e que enxerga o seu vestido como pano para limpar suas mãos, já esqueceu que algum dia chegou a utilizar maquiagem, o seu rosto é o retrato perfeito da conformidade. Na janela da frente, Gabriele, um enigmático jornalista, cogita a hipótese de tirar a própria vida com um revólver, a solução imediatista equivocada, uma forma de se libertar dos preconceitos da sociedade com a sua homossexualidade. Sendo um fervoroso defensor dos roteiros que restringem o espaço cênico, o chamado “filme de câmara”, eu fiquei emocionado com a leveza na abordagem do relacionamento entre os personagens vividos por Sophia Loren e Marcello Mastroianni, que compartilham uma tarde existencialmente libertadora para ambos, exatamente no dia em que Hitler se encontrava pela primeira vez com Mussolini. Esta libertação ocorrendo enquanto os dois líderes políticos objetivavam o aprisionamento e a guerra.
Os Deuses Malditos (La Caduta Degli Dei – 1969)
O diretor Luchino Visconti trabalha “Os Deuses Malditos” com aquela ferina elegância usual em sua carreira, utilizando como força motriz provocadora a frieza contemplativa de quem se depara com o abismo e sorri consciente de que não há redenção.
Cristo Parou em Éboli (Cristo si è fermato a Eboli – 1979)
Inspirado no romance autobiográfico de Carlo Levi, o filme narra a vida de um médico e escritor antifascista colocado sob prisão domiciliar em 1935 em uma remota vila italiana. Proibido de exercer qualquer atividade, incluindo a prática da medicina, ele descobre o mundo camponês, longe dos círculos intelectuais, até ser libertado dois anos depois já tendo ganhado a estima dos agricultores pobres da região.
Os Meninos do Brasil (The Boys from Brazil – 1978)
O ensandecido médico Joseph Mengele (Gregory Peck), que fez milhares de experiências genéticas com judeus (inclusive crianças), vive no Paraguai e planeja o nascimento do 4º Reich. Para obter tal objetivo, faz 94 clones de Hitler quando ele era um garoto. Mas isto não basta, pois diversas variáveis necessitam serem criadas para traçar o perfil psicológico de Hitler. Entretanto Ezra Lieberman (Laurence Olivier), um judeu que é um caçador de nazistas, descobre a trama e tenta impedir que tal plano se concretize.