Rossandro Klinjey, no quadro Inspira Papo, fala sobre como os pais estão abrindo mão do seu papel de pais e querendo bajular os filhos a qualquer custo, fala também sobre as consequências desse comportamento na vida dessas famílias e sociedade. Confira abaixo a transcrição da fala de Rossandro.

“O problema é o seguinte, é que os pais perderam a mão sobre a educação dos filhos. Eles começaram a achar que filhos têm que ser bajulados e não educados, eles começaram a achar que filhos têm que ser enchidos de coisas e não de afetos, e como a família tem falido em seu papel primordial de educador moral, ela delega, para a escola, pessoas sem equilíbrio emocional. Aquele indivíduo que não respeita o pai e a mãe, como consequência desse processo, não vai respeitar o professor nem vai aceitar aquilo que ele oferece, que é o conhecimento. Há na família um desejo de que a escola seja um segundo lar, mas não tem como a escola ser um segundo lar se a família não for a primeira e primordial escola.

É preciso que a gente repense assim: “Por que tanto caos? Por que tantos filhos que desrespeitam os pais? Por que a gente vê tantas crianças que batem na cara dos pais nos aviões, nos aeroportos, nos shoppings?”. Isso tem a ver com a falência pessoal. Então, se a família não reavalia – para você ver que é uma coisa muito sistêmica, né? Muito endêmica em todo lugar –, se a família não ressignifica seu papel, e os pais não se empoderam novamente, no sentido positivo de entender que disciplina, respeito e hierarquia, junto com amor e acolhimento, formam um grande ser humano, a escola vai poder fazer muito pouco por mais que eu ofereça a melhor estrutura, pois, se fosse isso para ficar no exemplo que você falou, Sabrina, “se eu oferecer uma boa escola, eu vou ter um bom cidadão”.

A gente tem escolas para a classe média alta brasileira, de padrão internacional, e, mesmo assim, as pessoas são marginais e roubam. Por quê? Porque não têm educação moral em casa. Muito do crime, hoje, não ocorre só no Brasil. A dez dias atrás eu estava fazendo uma palestra em Londres e tinha feito outra nos Estados Unidos. Eu comecei a ouvir coisas que eu achava estranhas, por exemplo: “Ah, cuidado com o seu celular quando você for sair, porque estão roubando”. Como assim? Porque a classe média foi achatada, as pessoas querem manter padrão de consumo, de roupas de marca, e, como não conseguem, vão roubar. Você entende? E de onde vem essa falta de valor para explicar para o indivíduo: “Não é assim que você conquista”. Eu não estou dizendo que a gente não deva lutar por justiça social, e, enquanto isso, eu tenho que educar o meu filho para entender: “Não é assim que você vai fazer justiça, não é roubando”. Você vai fazer justiça quando você, ao mesmo tempo em que busca seu crescimento pessoal, luta por uma sociedade mais justa. Mas você não vai tirar de quem tem para poder se sentir compensado. Não é isso que é justiça. E isso tem a ver muito com essa falência familiar.”

Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas da entrevista de Rossandro Klinjey no programa Inspira Papo.

Confira na íntegra: 

Rossandro Klinjey é palestrante, escritor e Psicólogo Clínico. Fenômeno nas redes sociais, seus vídeos já alcançaram a marca de mais de cem milhões de visualizações. Autor vários de livros, sendo os mais recentes, As cinco faces do Perdão, Help: me eduque! e Eu escolho ser feliz. É consultor da Rede Globo em temas relacionado a comportamento, educação e família, no programa Fátima Bernardes, além de colunista da Rádios CBN. Foi professor universitário por mais de dez anos, quando passou a se dedicar à atividade de palestrante, no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.