
A mulher engravida se quiser. Ela escolhe quando está fértil, tem acesso à pílula do dia seguinte, pode optar por interromper a gravidez ou até entregar o bebê para adoção sem registrar seu nome. Legalmente, ela tem o direito de não ser mãe. O sistema garante a ela o poder de decidir — com pleno respaldo jurídico, social e cultural — se deseja ou não aquela responsabilidade.
E o homem? O homem não tem esse direito nem por um minuto. Se a mulher decidir seguir com a gravidez, ele é automaticamente obrigado a assumir a paternidade — mesmo que não tenha consentido, mesmo que tenha sido enganado, mesmo que tenha sido apenas um parceiro ocasional sem qualquer intenção de formar uma família.
Casos de paternidade forçada acontecem todos os dias, e não são exceções. Em muitos deles, o homem sequer participou conscientemente da decisão de ter um filho. E, uma vez que a criança nasce, ele perde até o poder de decisão sobre como esse filho será criado — mas continua obrigado a sustentar financeiramente por 18 anos ou mais. A paternidade vira um contrato unilateral: ela decide, ele paga. Ponto.
Hoje, mesmo com essa obrigatoriedade, muitos homens já não pagam pensão, imagina se existisse a opção legal de renunciar à paternidade? O que parece um caos para uns, é na verdade uma solução para relações mais conscientes. Porque, sem garantia, sem colateral, a mulher simplesmente não vai mais se envolver de forma leviana. Relações casuais dariam lugar a contratos, a compromissos sérios, e a clareza mútua de consequências.
Isso já é realidade em outras culturas. Na Índia, na China, em países da África, o casamento ainda é estruturado com regras, exigências e acordos. Lá, não se normaliza que meninas de 14, 15 ou 16 anos ficam com namoradinhos dentro de casa enquanto os pais fecham os olhos esperando que o Estado resolva tudo depois — com pensão, aposentadoria, assistência jurídica. Mas essa estrutura já não existe mais.
O judiciário brasileiro, como instituição garantidora de justiça social, faliu. E aí entra a reflexão mais dura: até na prostituição, o homem paga e ainda usa camisinha. Mas, no “namoro”, um sujeito entra de graça, transa sem proteção, engravida a menina, e depois sai sem qualquer responsabilidade afetiva? Que tipo de lógica é essa? Isso é uma inversão de valores grotesca.
Não é só uma crítica — é um alerta. O jogo mudou. Quem não entender isso vai continuar sendo explorado, e criando filhos para serem explorados também. Paternidade não pode ser imposta. Relação afetiva se constrói com vontade, não com coerção.
O que define ser pai não é o DNA. É a escolha. Até Jesus foi criado por quem decidiu adotá-lo. O que nos torna pais é a decisão — nunca a imposição.
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho da participação de Renato Amoedo no podcast 3 irmãos