A páscoa é uma festa religiosa que celebra a passagem da morte para a vida, tanto no sentido físico como espiritual. Ela tem origem em duas tradições diferentes: a judaica e a cristã.
A páscoa judaica
A páscoa judaica, chamada de pesach em hebraico, significa “passagem”. Ela comemora a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, cerca de 3.500 anos atrás. Segundo o livro do Êxodo, na Bíblia, Deus enviou dez pragas sobre o Egito para convencer o faraó a libertar os hebreus. A décima praga foi a morte dos primogênitos egípcios, mas os hebreus foram poupados ao marcarem as portas de suas casas com o sangue de um cordeiro. Assim, o anjo da morte “passou” por eles.
Os hebreus então saíram às pressas do Egito, sem tempo de fermentar o pão que levavam. Por isso, até hoje os judeus comemoram a páscoa comendo pão ázimo (sem fermento) e ervas amargas, que simbolizam o sofrimento e a pressa da saída. Eles também celebram um ritual chamado seder, que consiste em uma refeição especial com vários elementos simbólicos, como o vinho (que representa a alegria), o osso de cordeiro (que lembra o sacrifício) e o ovo cozido (que simboliza a vida).
A páscoa judaica dura sete dias e começa no 14º dia do mês de Nissan, o primeiro do calendário judaico.
A páscoa cristã
A páscoa cristã é uma ressignificação da páscoa judaica, pois celebra a “passagem” de Jesus Cristo da morte para a ressurreição. Os cristãos acreditam que Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e que sua morte na cruz foi um sacrifício para salvar a humanidade.
A páscoa cristã acontece no primeiro domingo após a lua cheia que segue o equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do outono (no hemisfério sul). Por isso, ela é uma data móvel, que pode variar entre 22 de março e 25 de abril.
Os cristãos celebram a páscoa com várias tradições, como a quaresma (um período de 40 dias de jejum e penitência), a semana santa (que relembra os últimos dias de Jesus na terra), o domingo de ramos (que recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém), a sexta-feira santa (que rememora a crucificação de Jesus) e o domingo de páscoa (que festeja a ressurreição de Jesus).
A páscoa e os chocolates
A páscoa também tem influências de culturas pagãs, que celebravam a chegada da primavera e a renovação da vida. Uma dessas culturas era a dos povos germânicos, que adoravam uma deusa chamada Ostara ou Eostre, cujo nome está relacionado à palavra “páscoa” em inglês (Easter) e em alemão (Ostern). Essa deusa era associada à fertilidade e à luz, e tinha como símbolo um coelho.
O coelho é um animal que se reproduz rapidamente e em grande quantidade, por isso representa a vida e a abundância. Ele também é um dos primeiros animais a sair da toca depois do inverno, por isso simboliza o renascimento e a esperança.
O ovo também é um símbolo da páscoa, pois representa o começo da vida e a criação do mundo. Algumas culturas antigas tinham o costume de pintar ovos de galinha com cores vivas e oferecê-los como presentes na primavera. Os cristãos adaptaram esse costume e passaram a abençoar os ovos na igreja, como sinal da ressurreição de Cristo.
O chocolate surgiu na páscoa muito mais tarde, no século XIX, na França e na Alemanha. Os confeiteiros desses países tiveram a ideia de fazer ovos de chocolate para agradar as crianças e os adultos. O chocolate era um produto exótico e caro, que vinha da América e era considerado afrodisíaco e energético. Com o tempo, os ovos de chocolate se popularizaram e se tornaram uma tradição na páscoa.
Assim, a páscoa é uma festa que mistura elementos religiosos e culturais, que celebram a vida em suas diversas formas. Ela é uma oportunidade de refletir sobre o sentido da existência e de renovar as esperanças para o futuro.