Existe um termo interessante em Psicologia para tratar de um tema extremamente complexo nos relacionamentos humanos, que é a PARENTIFICAÇÃO.

Falarei brevemente nesse texto sobre esse tema e a importância de se buscar o equilíbrio emocional, para que os filhos sejam poupados de sofrimentos psicológicos que podem perdurar por toda a vida.

A parentificação é uma espécie de desvio psicológico no qual os filhos assumem o papel dos pais, causando desequilíbrios muitas vezes graves e “queima” de etapas da vida (a famosa perda da infância por exemplo).

Psicologicamente, é como se os filhos fossem casados com os pais, mas deixando bem claro que não estou falando aqui de relações incestuosas. Nada disso! É uma questão voltada para o papel social e familiar.

Os processos mais comuns de parentificação ocorrem em mães com filhos pequenos e que se tornaram viúvas, ou aquelas que se separaram dos seus maridos e se desencantaram a tal ponto de nunca mais quererem se casar de novo!

E sendo ainda mais específico. De um modo geral, acontece mais entre mães e filhos homens, por outra questão psicológica relacionada com o senso de PROTEÇÃO inerente ao ser masculino.

O homem, ao casar-se, assume o papel de protetor ou também de provedor da casa. Ele dá a segurança da família e da esposa, tanto financeiramente quanto afetivamente.

Se por algum motivo ele vai embora (morte, separação, doença degenerativa etc), a mãe espera que essa proteção, essa segurança, venha de outro lugar, e muitas vezes é transferida inconscientemente para algum filho.

Digo inconscientemente, porque nenhum filho deseja conscientemente se casar com a própria mãe. Inclusive aqui existe toda uma teoria extremamente ampla e complexa desenvolvida pelo pai da Psicanálise “Sigmund Freud”, que é o COMPLEXO DE ÉDIPO, no qual a criança entre 3 a 5 anos aproximadamente, sente, inconscientemente um encantamento pelos pais. O menino pela mãe e a menina pelo pai!

Não vou entrar no mérito da questão por ser esse um tema extremamente amplo e complexo. Mas segundo o próprio Freud, normalmente é nessa fase, chamada por ele de FÁLICA (3 a 5 anos) que ocorre os maiores casos de parentificação!

A mãe chega constantemente ao seu filhinho lhe dizendo:

– Olha meu filho! Agora você é o homenzinho da casa…

Então ele vai internalizando isso e acaba crescendo antes da hora, acaba se tornando um adulto sem ser, entende? E isso gera conflitos internos que se estendem por toda a vida!

Muitas crianças se tornam tão dependentes afetivamente das mães que na vida adulta têm dificuldade de se relacionarem afetivamente! Muitas vezes acontece de a mãe se tornar extremamente ciumenta com o filho e não permite que ele seja livre para viver um relacionamento feliz com uma garota etc etc etc.

Em muitos casos o filho que se casa com a mãe (metaforicamente falando), passa a vida inteira sem se relacionar afetivamente. Não consegue se casar nem ter filhos e depois que a mãe morre entra em uma depressão intensa, como se a vida tivesse perdido o sentido!

É comum aparecer em consultórios psicológicos homens de meia idade, em torno dos 50 anos, que dizem ter se dedicado a vida inteira a cuidar da mãe e que agora perderam o sentido da vida! Não conseguem se relacionar afetivamente com ninguém! Têm medo de terem uma vida sexual com alguém etc. Tudo se deve a esses distúrbios psíquicos por não terem vivido a infância e a adolescência como deveriam, sem tantas pressões para se tornar um adulto!

Afinal! O que fazer para minimizar tudo isso Isaias?

Bem! Existem diversos caminhos. Mas o principal eu diria que se chama SOLITUDE. Em minha opinião nada supera a solitude! E o que é a solitude? É você estar bem e feliz por estar sozinho. Ou seja, não ficar numa carência sem fim porque não está se relacionando com alguém amorosamente.

Esse recado vai principalmente para as mães de crianças pequenas que estejam lendo esse texto! Caso aconteça de você que é mãe ter se separado ou o marido tenha falecido, é importantíssimo que busque algo que preencha o sentimento de solidão sem ter que colocar os filhos na jogada entende? Pode ser a espiritualidade (que considero o melhor caminho), pode ser umas saídas com amigas, pode ser o desenvolvimento de novas habilidades e aptidões, fazendo cursos e especializações etc. Tudo isso pode ajudar a lidar melhor com o sentimento de vazio que vem da solidão!

Lembre-se: é possível transformar a solidão em solitude! Só depende de você! Se quiser uma boa dica nesse sentido, recomendo o excelente livro do Osho chamado “Amor liberdade e solitude”, no qual ele fala amplamente sobre os relacionamentos felizes e equilibrados e a importância de amar a si mesmo em primeiro lugar!

Tudo isso que estou falando é extremamente profundo e principalmente as crianças vão agradecer, porque elas não tem culpa nenhuma de serem colocadas para se tornarem adultas antes da hora! Com uma boa orientação, as mães podem desenvolver essa maturidade para educarem seus filhos com muita sabedoria, contribuindo para crescerem como grandes cidadãos transformadores da sociedade em que vivemos!

Eu sei que esse é um tema que “dá pano pra manga” e o que coloquei aqui foi uma pequeníssima pincelada. Recomendo a você que gostou da temática que aprofunde em livros de desenvolvimento infantil, psicologia da adolescência entre outros!

E compartilho abaixo um dos textos que li e que me inspirou a escrever esse texto. Vale a pena dar uma lida nele…

LinkQuando os filhos casam com os pais

Isaias Costa
Bacharel em Física. Mestre em Engenharia Mecânica e Psicanalista clínico. Trabalha como professor de Física e Matemática, mas não deixa de alimentar o seu lado das Humanas estudando a mente humana e seus mistérios, ouvindo seus pacientes e compartilhando conhecimentos em seu blog "Para além do agora", no qual escreve desde 2012.