O ser humano é incapaz de ser feliz, nós só temos a capacidade de “estar” alegres, pois a alegria cabe dentro de um momento e a felicidade tem implícito a ela a idéia de perpetuidade, e a perpetuidade vai além da capacidade humana e suas inconstâncias.

O verbo “ser” combina mais com a palavra felicidade do que o verbo “estar”. Estar é mais para a alegria, é irregular, momentâneo, de mudanças no qual não existe uma constância de tempo, e o verbo “ser” define uma característica permanente de um individuo.

E nós, somos feitos de momentos, e só podemos ter sentimentos que cabem em momentos, não dá pra ter alegria o tempo todo, assim como não há como ficar triste para sempre.

A felicidade é uma utopia, é como um deslumbre de um horizonte que, não importa quanto andemos, nunca chega, e momentos são como as paisagens que passamos ao ir em frente.
A felicidade, para uns, pode ser uma inspiração para descobrir a vida, e para outros uma venda que nos torna incapazes de ver o mundo, nos torna obcecados e cegos para bons momentos e detalhes que tornam tudo melhor e diferente.

Tenha cuidado com a felicidade, às vezes ela pode ser uma armadilha que te deixa triste e preso. A felicidade até muda de tempos em tempos, sociedades e povos, ela é construída como um ideal, um prêmio para aqueles que seguirem a risca o que seus meios sociais pedem.

E com isso, o que se torna perpétuo é apenas a busca, e no final não nos tornamos felizes e ainda perdemos a capacidade de ter alegria. Não é a toa que percebemos mais sorrisos sinceros em pessoas mais simples, e sorrisos amarelados de canto de boca daqueles mais incrustados nos padrões sociais.

Liberte-se da busca, não é você que tem que ir atrás de nada, dê atenção aos detalhes de sua vida, do seu tempo, de si mesmo, são eles que lhe constroem e somos tão complexos e interessantes que precisamos de uma vida para aprender a ser nós mesmos.

E quem sabe na morte a felicidade possa ser perpétua de verdade, mas em vida não desperdice seu tempo com ideias que jamais deixarão de ser ideias, e descubra alegria nos detalhes que deixamos passar pelos cantos dos olhos, pois a alegria pode não ser perpétua, mas pode ser recorrente.

Gabriel Fraga