Flávio Gikovate em um trecho do Café Filosófico fala sobre a diferença entre o egoísta e o individualista. Confia abaixo a transcrição da fala de Gikovate.
O egoísta não é individualista, e essa diferenciação é muito importante. O egoísta é, antes de tudo, um gregário: ele gosta de turma, porque é justamente nela que ele vai arrumar a quem parasitar. Ele é um folgado nato e precisa de um grupo para encontrar alguém de quem receberá um benefício indevido. O individualista, por outro lado, é alguém que troca menos, mas não pega nada de ninguém. Ele fica no seu canto, quieto consigo mesmo, e acredito que não é alguém que prejudica verdadeiramente a socialização: ele melhora e aumenta as relações amorosas de boa qualidade, porque aumenta a condição para a pessoa ficar sozinha. E quando o indivíduo gosta e consegue ficar sozinho, ele é muito mais seletivo nas suas escolhas, tanto nas amizades quanto em programas em geral e, principalmente, nas escolhas sentimentais.
Acredito também que esse avanço tecnológico todo cria — e lamento que não esteja sendo bem utilizado — uma oportunidade extraordinária para uma atividade intelectual sofisticada, porque é impressionante a facilidade como as pessoas podem ter hoje acesso a todos os filmes, a todas as músicas que foram feitas (do rock mais ouvido a músicas renascentistas ou barrocas). O que o individualismo faz, por exemplo, é que a pessoa fique no ônibus dançando (ouvindo música no fone de ouvido), e o outro que a vê nem sabe o que ela está escutando.
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas da palestra: Café Filosófico: Amor nos tempos longevos – Flávio Gikovate
Confira na íntegra:
Flávio Gikovate nasceu em 1943 e publicou 34 livros. Psiquiatra, dedicou-se à psicoterapia e tornou-se um dos mais conceituados e reconhecidos psicoterapeutas brasileiros. Para conhecer diversos livros do autor, clique AQUI.