Quando nossas mães nos diziam que não éramos iguais a todo mundo, parece que estavam prevendo a crise de identidade que se abateria sobre nós. Naquele tempo protestávamos. Agora, vivendo em tempo de redes sociais velozes e astutas, onde tudo parece ser mais do mesmo, entendemos porque elas prezavam tanto pela originalidade. Tornou-se difícil não cair na tentação de participar desse circulo vicioso de padronização e promoção pessoal.
Essa coisa de passar muito tempo acompanhando as notícias, os acontecimentos dos outros, as expressões da moda… acaba por provocar efeitos nocivos em quem tem autoestima vulnerável. E o que poderia parecer inacreditável para alguns, tem acontecido com mais frequência do que poderia: tem gente por aí fazendo dieta só porque acha que assim vai fazer melhor figura na hora das fotos; gastando suas economias ou comprometendo seus rendimentos para manter um status que não é seu de fato; tem gente criando uma espécie de personagem, vivendo num mundo fictício de fotos editadas e frases copiadas; pessoas tentando vender uma imagem irreal de si, que foi copiada aqui e acolá, entre o que foi aparecendo na sua linha do tempo, só para parecer mais interessante para seus seguidores.
É uma pena que o desejo de singularidade esteja tão em baixa. É tão bom quando alguém nos olha e diz que temos um jeitinho diferente! É tão prazeroso ser autêntico, não dever nenhuma informação a ninguém e se comportar como se é de fato!
Talvez se deva dizer que nem tudo o que se vê nas redes sociais é realmente uma tendência. Às vezes é só necessidade de autoafirmação de algumas pessoas, que dão mais valor ao virtual do que ao mundo real e querem justificar suas escolhas.
Mas ninguém é obrigado a seguir essa “tendência”; obrigado a produzir imagens apenas para movimentar as redes sociais. Esteja livre para escolher seus próprios sabores e lugares preferidos; não precisa posar de pessoa extremamente feliz se não se sentir assim; respeite sua forma física, e não tente se encaixar em nenhum padrão de beleza apenas para produzir selfies cujos parâmetros estejam preestabelecidos.
Vale lembrar que ainda é permitido sentar-se e fazer uma refeição tranquilamente, sem a necessidade urgente de fotografar esse momento; dizer o que se pensa, confessar que nem tudo é muito lindo e expressar-se com suas próprias palavras, sem pretender encaixar-se nas hashtags levantadas.
Dispensar essa exposição exagerada de fotos, fatos e sentimentos é atitude de quem tem personalidade bem definida. Mas isso também se aprende. Pratique! Não poste nada se não estiver realmente a fim. Ninguém deve obrigações às redes sociais.
Compartilhe o que tiver vontade, mas não precisa expor até a alma. Interaja com moderação. Você não precisa contar tudo o que está acontecendo, só porque seus amigos o fazem. Autenticidade e um pouco de mistério tornam as pessoas muito mais interessantes.
Bom, e só pra constar, sua mãe tinha razão ao dizer que você não era todo mundo!