
Ludwig von Mises, um dos principais economistas da Escola Austríaca, defende que a ação humana é movida pela busca de satisfação das necessidades individuais, guiada por incentivos. Quando esses incentivos são mal direcionados, seja no serviço público, na vida pessoal ou na cultura social, o resultado não é apenas ineficiência, mas a premiação da falha. Mises nos alerta que, em muitos sistemas, os incentivos para falhar são mais poderosos do que para ter sucesso, e esse é um dos principais problemas das sociedades modernas.
No serviço público, isso é visível em todos os níveis. Tomemos o exemplo das escolas públicas. Imagine duas escolas que recebem o mesmo orçamento: a Escola A, que entrega resultados de qualidade, e a Escola B, com sérios problemas de infraestrutura e recursos. Ao final do ano, a Escola A não tem argumentos fortes para justificar mais dinheiro, enquanto a Escola B, que falhou em todos os aspectos, solicita mais recursos para “consertar” a situação. Como Mises explicou, o sistema público recompensa a falha, porque a falha justifica mais recursos. “Quando o governo falha”, diz Mises, “ele pede mais poder e dinheiro”, e é isso que acontece. No lugar de melhorar o sistema, a falha se torna um incentivo para perpetuá-la.
Esse padrão de incentivar a falha não é exclusividade do serviço público. Na vida pessoal, muitas pessoas vivem de soluções paliativas para seus problemas. Ao invés de corrigir as causas reais de suas dificuldades, elas procrastinam ou buscam soluções fáceis que apenas adiam o problema. Mises argumenta que a fuga da realidade e a busca por resultados rápidos acabam se tornando hábitos que perpetuam a mediocridade. A falha, nesse contexto, é recompensada porque o esforço real para mudar é evitado.
O impacto disso vai além do indivíduo e afeta a sociedade como um todo. Mises alerta que, quando as instituições e as pessoas são recompensadas por falhar, cria-se uma cultura de mediocridade. A sociedade começa a valorizar resultados superficiais em vez do esforço verdadeiro e da busca pela excelência. Isso é particularmente evidente na educação e na cultura, onde, em vez de promover um desenvolvimento genuíno, os sistemas preferem “aparentar” sucesso, criando padrões baixos de exigência e satisfação. A cultura se adapta a isso e passa a valorizar a facilidade em vez da competência.
Além disso, como Mises ressalta, o problema com os incentivos distorcidos é que eles não incentivam a verdadeira resolução dos problemas. Em vez de melhorar, as falhas são mantidas, pois isso garante que o sistema continue recebendo os recursos necessários para sua perpetuação. Isso é um reflexo direto de um sistema que premia o erro. “Se as pessoas não agem de maneira eficaz, isso se reflete diretamente na sociedade”, afirma Mises. Em uma sociedade onde os incentivos estão errados, a incompetência se torna a norma.
Em última análise, para mudar esse ciclo, é necessário alinha os incentivos aos resultados verdadeiramente desejados. Em vez de premiar quem falha, devemos valorizar aqueles que buscam soluções reais. A sociedade, assim como o serviço público e a vida pessoal, só evoluirá quando os incentivos forem corrigidos, premiando o esforço genuíno e não a mediocridade. Se não, continuaremos a viver em uma cultura onde o fracasso é recompensado e a verdadeira excelência é ignorada