Em um trecho da palestra ‘Gestão e Liderança’ para o Gestão para Cooperativas, Leandro Karnal fala sobre como um filho mimado pode gerar grandes consequências não só para ele mas também para todos a sua volta.
Usando uma metáfora agrícola em homenagem ao meu avô: até a terceira semana, se um pintinho romper a casca do ovo, morre. Ele não tem condições de viver no melo ambiente. Se ele não romper no 21º dia ele morre.
Tudo que me protege, me sufoca. Tudo que me serviu pra vir até aqui, em algum momento, vai me atrapalhar. A forma mais exata para produzir um imbecil é mimando-o. O mimo é a fórmula infalível para produzir um idiota. Basta protege-lo totalmente do mundo, e ele vai chegar ao mundo como um pintinho incapaz de romper a casca.
Quem mima filhos lança uma mensagem equivocada. A mensagem de que essa criança vai encontrar em todo adulto; pai e mãe. Mas ela não vai encontrar pai mãe, ela vai encontrar genro, nora, chefe, sindico e sogra. E ela não está preparada pra isso. Ela está preparada para um pai e uma mãe que dizem sim e acham maravilhoso tudo que ela faz.
Cabe aos pais protegerem, alimentarem, amarem, vacinarem, impedirem predadores… Mas também deixar cair e esfolar o joelho; deixar ir mal na escola, se for culpa dela, e a fazer entender que cada ação corresponde a uma reação: ‘se você perdeu a prova é um problema seu, ou dizendo, como minha mãe dizia com delicadeza pedagógica: “tudo que começa com eu é seu, eu estou… é seu, não precisa nem trazer – eu estou cansado… é um problema seu não me traga problemas que comecem com ‘eu’ só traga problemas que comecem com ‘nos’. O eu é um problema seu”.
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho da palestra: ‘Gestão e Liderança’ para o Gestão para Cooperativas.
Confira o trecho:
Leandro Karnal (São Leopoldo, 1º de fevereiro de 1963) é um historiador brasileiro, atualmente professor da UNICAMP na área de História da América. Foi também curador de diversas exposições, como A Escrita da Memória, em São Paulo, tendo colaborado ainda na elaboração curatorial de museus, como o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.