Pessoas que são capazes de viver euforias muito intensas, explosões de entusiasmo e vibração emocional, normalmente também são capazes de mergulhar em tristezas igualmente profundas. Dificilmente alguém que vive suas alegrias de forma serena, equilibrada e madura cai em abismos emocionais extremos. É como se o buraco tivesse o mesmo tamanho para os dois lados. Quanto mais alto se vai na euforia, mais fundo se pode descer na dor.

Isso aparece muito nos relacionamentos. Muitas vezes, casais que chegam a níveis extremos de conflito, agressividade e até violência são os mesmos que, no início, viviam uma paixão exagerada, cheia de intensidade, drama e emoção fora da medida. É como um pêndulo. Se o centro representa o equilíbrio, quanto mais ele vai para um lado, mais ele também vai para o outro. A intensidade emocional costuma cobrar um preço.

Quando olhamos para homens e mulheres que marcaram a humanidade com sabedoria, heroísmo e profundidade, encontramos algo diferente. Eles amavam a humanidade, mas esse amor era sereno, firme, constante e silencioso. Não havia necessidade de espetáculo, exagero ou demonstração grandiosa. Era um amor que sustentava a vida inteira e, segundo algumas tradições, ultrapassava até mesmo a existência.

O verdadeiro amor é assim. Não precisa de barulho nem de fogos de artifício. Ele é maduro, equilibrado e consistente. Na maioria das vezes, o que vibra demais, grita demais e precisa aparecer não é amor, é paixão. E, do mesmo modo, quem vibra de forma exagerada na alegria costuma vibrar de forma igualmente exagerada na tristeza. Talvez o verdadeiro equilíbrio emocional seja aprender a não viver nos extremos.

Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas de um trecho da fala de Lúcia Helena Galvão postado publicamente no Instagram.

Veja o vídeo da fala de Lúcia Helena AQUI.

Lúcia Helena Galvão Maya é uma professora de filosofia integrante da organização Nova Acrópole no Brasil, onde atua há mais de 30 anos. Possui centenas de palestras publicadas no canal do Youtube “Nova Acrópole Brasil”