Em um trecho da palestra Amor na era da sobrecarga no Café Filosófico, Ivan Capelatto fala sobre como funciona a dinâmica de um amor psicopático. Veja abaixo a transcrição do trecho.

“O ser humano é capaz de manter uma vida a qual chamamos de psicopática. Psicopatia é um fenômeno afetivo que funciona do seguinte modo: a minha namorada existe enquanto eu a vejo e a toco, mas, se ela sai de perto de mim, meu amor por ela fica suspenso.

O amor psicopatológico só existe na presença física do objeto amado e traz uma angústia muito grande, porque os envolvidos na afetividade psicopática precisam ficar juntos o tempo todo. Se um casal com essa característica está em um bar, e a namorada retira-se para ir ao banheiro, o amor do namorado pela namorada acaba, e ele começa a paquerar a amiga dela, pois ele só consegue amar aquilo que está presente.

O amor psicopatológico também é agressivo. Por exemplo, no momento em que a namorada sai da frente do namorado é como se ela o estivesse lesando. Então, esse tipo de amor pode se tornar fisicamente agressivo e mais voraz. Além disso, o amor psicopatológico traz a descrença, por exemplo, se o namorado sai com alguns amigos e amigas, a namorada se sente incomodada pelo fato das amigas estarem presentes.

O amor psicopático é o amor da era da sobrecarga. A base do amor psicopatológico é o narcisismo, que acontece quando um não consegue ficar sem o outro.”

Transcrição adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho da palestra: O amor na era da sobrecarga | Ivan Capelatto – Café Filosófico.

Confira na íntegra:

Ivan Capelatto é psicólogo clínico e psicoterapeuta de crianças, adolescentes e famílias. fundador do grupo de estudos e pesquisas em autismo e outras psicoses infantis (gepapi), e supervisor do grupo de estudos e pesquisas em psicopatologias da família na infância e adolescência (geic) de cuiabá e londrina.

Mestre em psicologia clínica pela puc-campinas, é professor convidado do the milton h. erickson foundation inc. (phoenix, arizona, usa) e professor do curso de pós-graduação da faculdade de medicina da puc – pr. Autor da obra “diálogos sobre a afetividade – o nosso lugar de cuidar”.