Em algumas entrevistas descontraídas, Silvio Santos, quando questionado sobre como conseguiu alcançar o sucesso, frequentemente atribuía isso à sorte. E é interessante ouvir isso de uma figura como ele, um homem com uma carreira amplamente reconhecida, tanto nacional quanto internacionalmente, e com um peso histórico inegável na cultura do país. O fato de ele dizer que o sucesso veio da sorte nos leva a uma reflexão: talvez o próprio Silvio Santos tenha chegado à mesma conclusão, adquirida pela sabedoria da idade e da experiência, de que não é só o trabalho que leva alguém ao sucesso. Trabalho não enriquece ninguém. É necessário sorte. Algumas pessoas nascem na hora certa, no lugar certo, e têm as oportunidades certas, sabendo reconhecer e aproveitar essas chances. Essas pessoas parecem deslizar pela vida com uma facilidade maior do que a maioria de nós, que só trabalha. Mesmo com muito esforço, sentimos que a vida resiste à nossa existência, como tentar nadar contra a correnteza de um rio, onde a cada dia se torna mais difícil. O nosso esforço se torna mais para continuar onde estamos do que para avançar. Já as pessoas que têm sorte, elas navegam rio acima com facilidade.

O trabalho edifica o homem, mas não enriquece. De fato, é necessário que as pessoas certas estejam nos lugares certos, com as pessoas certas, e que tenham a sabedoria e o discernimento para reconhecer quando uma oportunidade bate à sua porta, buscando e trabalhando em prol dessa oportunidade. O sucesso, portanto, é derivado do trabalho e da sorte. E ninguém faz a própria sorte. Hoje, podemos ver uma grande quantidade de pessoas ostentando sucesso. Mas esse sucesso pode ter vindo de maneiras escusas, à margem da lei, ou até mesmo fora da lei. E tudo isso tem um preço muito alto a se pagar.

Silvio Santos foi um homem de sucesso. Construiu uma carreira sólida, um império, uma família estruturada. E com tudo isso, conseguiu envelhecer sábio o suficiente para entender que, apesar de todo o trabalho que teve, a sorte também foi um fator crucial. Ele diz em uma das entrevistas: “Eu sempre atribuí a minha caminhada pessoal a um fator que se chama sorte. E ninguém consegue decifrar o que é sorte. Dizem que sorte é uma coisa que Deus dá a algumas pessoas. Eu acho que é verdade, porque eu não faço nada para conseguir essa homenagem, por exemplo, que estou recebendo, que estou tendo hoje.” E essa não é apenas uma fala para demonstrar a humildade de um homem grande como ele, mas sim para mostrar a sabedoria de reconhecer que, ao longo de sua jornada, ele teve sorte de que, além do trabalho, seu esforço foi recompensado.

O resto de nós, pobres mortais, vivendo em um país em decadência, resta a reflexão, o pensamento e o trabalho. E, quem sabe, envelhecer com a sabedoria que Silvio Santos teve, para reconhecer a sua sorte na vida. Nem sempre se trata de ganhar, mas, às vezes, se trata de não perder. O sucesso pode ser íntimo, interno e pessoal