O psicólogo Rossandro Klinjey em um trecho de sua palestra falou sobre o valor que damos ao esforço dos pais. Confira abaixo a transcrição do trecho.
Somos todos o resultado de muitos amores: amores sem fantasias, amores possíveis, amores reais. Há pessoas falhas, e, muitas vezes, percebemos que somos iguais a elas, tal como diz a música “Como nossos pais”: “Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”. Por outro lado, o cantor Renato Russo compôs o seguinte: “Você diz que seus pais não o entendem, mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo; são crianças como você. O que você vai ser quando você crescer?”. Se tivermos humildade, teremos condição moral de olhar para o nosso passado e, em vez de vermos escassez, falta e ficarmos nos lamentando, perceberemos que nos deram mais do que tiveram. É como diz uma música do Djavan: “Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar”, ou seja, quando descobrirmos o quanto eles não tiveram, perceberemos o tanto que nos deram.
Por que é importante olhar para o nosso passado com dignidade? Porque jamais seremos uma árvore frondosa se desrespeitarmos e desconsiderarmos nossas raízes, ou seja, precisamos considerar que somos frutos de determinado ambiente e, mesmo que vejamos defeitos nele, precisamos enxergar suas virtudes. Ao olharmos e ressignificarmos esse passado, percebemos que somos um projeto dele e, se enxergarmos bondade nele, enxergaremos bondade em nós mesmos.
No momento em que nos olharmos com dignidade, nunca mais seremos objeto dos caprichos e doenças de alguém. Mas, se não fizermos isso, toda a dor e revolta que sentirmos sem relação a esse ambiente patológico nos levarão a descarregá-las em nosso ambiente de trabalho e nas pessoas.
Portanto, necessitamos olhar para nós mesmos com dignidade e ética –esse autoaprendizado é o que transmitimos para o outro. Então, precisamos aprender o tempo inteiro e desenvolver essa habilidade.
Vivemos em um país onde necessitamos entender que os problemas não serão resolvidos apenas com uma reforma política, reforma da carga tributária ou com uma maior rigidez por parte do Poder Judiciário se dentro de nós não estiver claro que nossas incompetências são externadas para fora, nos tornando orquestralmente incompetentes e infelizes. Assim, enquanto essas reformas sociais não acontecem, qual deve ser a nossa contribuição até que elas se concretizem?
Independentemente do que fizermos, seja onde for, devemos fazê-lo com compromisso e ética, tendo consciência de que tudo o que fizermos é parte de um projeto de educação e criação de um novo estado de cidadania do país.
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do vídeo: O que você tem para dar? Por Rossandro Klinjey
Confira na íntegra:
Rossandro Klinjey é palestrante, escritor e Psicólogo Clínico. Fenômeno nas redes sociais, seus vídeos já alcançaram a marca de mais de cem milhões de visualizações. Autor vários de livros, sendo os mais recentes, As cinco faces do Perdão, Help: me eduque! e Eu escolho ser feliz. É consultor da Rede Globo em temas relacionado a comportamento, educação e família, no programa Fátima Bernardes, além de colunista da Rádios CBN. Foi professor universitário por mais de dez anos, quando passou a se dedicar à atividade de palestrante, no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.