E quando eu chegar ao ápice de mim? O que acontecerá? Às vezes sinto que estou extremamente longe disso. Às vezes sinto que já me ultrapassei. Mas acho que enquanto escrever, eu sempre estarei me tocando e me distanciando novamente, num ciclo eterno, mas cada vez mais enriquecedor.

– In: “Eu tenho um inferno dentro de mim”.

Peço, desde já, perdão, meus personagens, por forças maiores terem lhes colocado em minhas mãos. E, para complementar — só porque gosto do incompleto —, em um momento onde o meu estado é louco.

Para contar essa história avançarei, como um cão, em mim.

Quanto a mim, autora, desprezada pela sanção, eu sou minha própria mentira (uma mentira autêntica, ao menos). Não sei escrever nem o que é escrever, e mesmo assim tenho uma única verdade que de ênfase carrega em seus tornozelos dada estranheza: escrita.

Última colherada doce. Agora a pouco eu driblava a lua em meus pés, mas de um salto ela foi lá para o alto. E então escurece. Minhas mãos tornam-se sombrias. Os escrúpulos estão possessos. As letras saltam uma por cima da outra havendo ferimentos propositais. Escolheram o plano de fundo astuto. Minhas lágrimas estremecem amedrontadas. De súbito, tudo é rompido. Silêncio de mente e ruídos em todo o planeta, instantaneamente. Trombei densamente com aversões extraindo graves predileções. Ao invés de calcular, opto pelo abismo só porque está enraizado na chuva de sol.

Eu me transfigurei naturalissimamente a uma nova era construída para mim: desvinculei-me da escrita.

Só o que eu sinto conta histórias. Sou uma eterna embriagada por estar condenada por mais ou menos essa mesma quantidade de tempo a escrever.

Palavra final.

– In: “O Lado Real do Abstrato”.