Professor Clóvis em uma das suas palestras fala sobre Nietzsche e a convicção de o mundo é comandado pelos fracos. Abaixo você confere a transcrição do trecho.
A mais firme convicção nitzscheana é a de que o mundo é regido pelos fracos – esse é o ponto de partida de qualquer filosofia. Ou melhor, o mundo é regido por forças que Nietzsche julga serem reativas. O autor divide o mundo da vida em dois tipos de força: ativa e reativa. Há forças ativas e reativas que regem as pessoas – ora uma predomina, ora a outra. As pessoas são mais regidas pelas forças ativas quando a sua conduta revela suas pulsões e força vital.
Força ativa é a força movida a partir da pulsão de quem age, ao contrário da força reativa. A força reativa só existe como reação à força ativa, então, quem é movido por uma força reativa age porque o outro agiu, para se opor, para se contrapor, para enfrentar, para obstruir e, em última instância, para anular o desejo que é do outro.
Um exemplo de força ativa é um jogador de futebol, como Ronaldinho Gaúcho, driblando a bola durante um jogo, em pura atividade. Um exemplo de força reativa é um zagueiro, como o Ronaldão, marcando o Ronaldinho Gaúcho nesse jogo. Outro exemplo de força ativa é um pintor que se manifesta através da pintura, e outro de força reativa é outro pintor que copia o primeiro para vender quadros em série.
Quem inventou a moral? Alguém regido pela força ativa ou reativa? Obviamente pela reativa, pois ninguém que é regido pela força ativa faz regras, porém, a vitória é sempre das forças reativas. Isso porque, como a causa motriz da reatividade é a ação do outro, a força reativa permite associação e aliança. Já a força ativa tem como mola motriz a paixão de quem age, e nisso não há aliança possível, pois a paixão de um não se alia com a paixão de mais ninguém. Se uma pessoa ativa morrer, a reativa não tem mais a quem perseguir.
A moral é o resultado do sindicado dos covardes, ocorrendo a vitória destes. Um exemplo de sua vitória é a democracia. A quem poderia interessar que todos fossem considerados iguais, e que cada voto valesse um? A quem sabe que vale menos que um, pois, através dessa igualdade, ele se eleva. Porém, essa ideia de que tudo é igual não interessa aos fortes, porque estes descem e se apequenam nessa linha de igualdade. A democracia é o resultado mais claro da vitória dos fracos sobre os fortes.
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho do trecho da aula sobre Nietzsche por Clovis de Barros Filho
Confira na íntegra:
Clóvis de Barros Filho é atualmente um dos mais requisitados palestrantes do Brasil. Suas aulas e palestras sobre ética já foram ouvidas por milhões de pessoas em todos os estados do país, e também no Uruguai, na França, no México, na Argentina, na Espanha, em Portugal, entre outros.
Doutor e Livre-Docente pela Escola de Comunicações e Artes da USP, o Professor Clóvis atua no mundo corporativo desde 2005, por meio de seu escritório, o Espaço Ética. Tem como clientes empresas de todos os portes, de inúmeros ramos de negócios.