Imaginemos uma situação clássica onde uma mulher conhece um homem. E eis que surge, com naturalidade, interesse. Porém, logo a mulher está sendo advertida por grandes amigas: “Tome cuidado! Caras como ele tendem a ser canalhas.”
Por mais nobre que seja o conselho, ele traz consigo uma carga muito grande de pressuposições:
• A ideia de que a mulher é necessariamente emotiva, ligeiramente iludida e sem controle emocional;
• Que ela está ali para conquistar o homem (interessante observar que o verbo “conquistar” é um termo de guerra, e linguistas não conseguiram encontrar outra palavra que o substitua para o campo dos relacionamentos). Na sociedade há a visão do desafio das mulheres em conquistarem um homem (e depois “segurá-lo”), enquanto o homem faz o papel do desapegado até ser “fisgado”;
• Que é o homem quem tem controle sob a situação – e que esta pode ser até manipulada.
São ideias muito enraizadas. A começar pelos homens que admitem que, ao sentirem que uma mulher quer algo mais sério, eles então rompem tudo, e isso é um pré-conceito, pré-julgamento dos verdadeiros objetivos da mulher – e até uma superestima de si mesmo.
Não obstante, mulheres de fato são normalmente cautelosas ao se envolverem com alguém, e muitas vezes pelo medo de se ferir. Todavia, essa autoproteção deve ser observada: se envolver com alguém não deve ser algo intimidador. Pois, uma vez possuindo a independência de seus sentimentos, ninguém será capaz de te ferir verdadeiramente. O amor-próprio é sim a maior proteção – e maior riqueza.
Para finalizar, imaginemos um homem começando a se envolver com uma mulher, e seus grandes amigos o advertindo: “Mas tome cuidado! Ela pode ser vacilona com você.” Isso não existe. E, quando existe, são com mulheres consideradas exceções: independentes e confiantes (que intimidam, de um modo errôneo, a muitos) e, devido a essas características, são geralmente comparadas – reduzidas – aos homens. “Porque mulher não pode ser dona de si”, grita o mais íntimo da sociedade.