O conceito de humildade fala sobre o reconhecimento de fraquezas e limitações e a ação baseada nessa aceitação. Mas nos tempos de vaidade declarada esse não é um comportamento para todas as pessoas, infelizmente. Admitir que não se sabe algo, pedir ajuda para executar uma tarefa, contar com a experiência de outra pessoa… são atitudes para pessoas fortes, que têm a personalidade bem formada e não têm medo de deixar transparecer suas deficiências ou vulnerabilidades.
O ensinamento cristão é claro ao orientar que a humildade deve ser cultivada e mantida intacta, mesmo que a vaidade tente afanar seu lugar. A frase “quem se exalta será humilhado” é um dos pontos altos da filosofia cristã, embora esse conceito possa ser aplicado em todas as filosofias de vida. Ela mostra o caminho duvidoso que é optar pela vaidade e pelo orgulho. Mesmo que isso renda um status de bem-visto e benquisto por alguns, isso nem sempre se mantém. É mais construtivo assumir uma postura de humildade do que assumir-se superior e, em um momento de necessidade, não conseguir manter isso. Além disso, é incômodo conviver com alguém que se acha demais, que acha que sabe tudo, que está sempre certo, senhor de si e indisposto a abrir mão disso.
Mahatma Gandhi disse que “o dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens sábios e a humildade faz grandes homens.” Dentro do conceito de humildade há a consciência de que a vida termina para todas as pessoas, de que todos merecem um lugar sob o sol e de que o sucesso pessoal é relativo e feito apenas de momentos. Uma pessoa humilde de fato tem sempre em mente que a vida é roda-gigante e prepara-se para todas as subidas e descidas, tratando todos de igual para igual e aproveitando todas as oportunidades para absorver algum aprendizado. Além disso, não se vale de títulos, de prestígio social nem de privilégios quaisquer que por ventura tenha alcançado.
A humildade não sofre com crises de identidade, não lança mão da superioridade nem da arrogância. Mantém-se distante dos aplausos e reconhece todas as suas limitações. Feliz é quem se alia a ela, pois terá a oportunidade de viver uma vida mais feliz e mais liberta, sem se sentir na obrigação de provar nada a ninguém.
Um indivíduo que entende os benefícios de se viver com humildade, aceita mais facilmente que em algum momento da vida virá a necessitar de ajuda e não sofre tanto por isso. Essa aceitação gera paz e uma vida mais tranquila. Não há a necessidade de se sentir super–herói e nem fugir das fragilidades que toda pessoa tem. Ao contrário do que possa parecer essa aceitação é sinal de força e pode evitar abalos na estrutura emocional de quem se reconhece como ser limitado.
Segundo Mario Sergio Cortella, “gente grande de verdade sabe que é pequeno e, por isso, cresce. Gente muito pequena acha que já é grande e o único modo de ela crescer é rebaixando os outros.” É por certo, um comportamento lamentável de quem acha que já sabe tudo da vida, mas que no fundo ainda tem ainda muito o que aprender dela.
Sabedoria é reconhecer que humildade não faz ninguém menor, mas pode tornar uma pessoa melhor que muitas, mesmo que ser humilde seja dela o maior intuito.