Dra. Filó, em uma palestra para o Colégio Santo Antônio, falou sobre as dificuldades de educar um filho na modernidade e a imposição de limites na criação. Confira abaixo a transcrição de um trecho da palestra.
“Pai e mãe não são amigos dos filhos: são pai e mãe. Tem que haver essa diferença. Uma menina de dez anos falou para mim em meu consultório: “Tia Ló, eu quero um iPhone 8”. Eu falei: “Comece a trabalhar. Você tem ideia de quanto custa um iPhone 8? Comece a trabalhar para ter o seu iPhone 8. Sem trabalhar, não dá”. Essa geração acha que, ao estalar o dedo, as coisas surgem, pois os pais trabalham arduamente e dão tudo para os filhos “por amor”, porém isso é um excesso.
Pai e mãe têm o papel de introduzir na vida do filho a frustração, porque essa geração não dá conta de uma brisa suave – e não estou falando de um tornado nem de um vento mais forte. Essa geração, da turma dos vinte anos, já está nas faculdades de Medicina, e o que está acontecendo com os alunos? Su*cídio. O jovem cursa uma faculdade cuja mensalidade, que custa entre oito e nove mil reais, é custeada pelos pais, tem um carro, um apartamento e ainda tem condições para se deprimir e se su*cidar. Qual é a razão disso? Tem que ter algo errado.
Essa geração – não a que está vindo, mas a que está aí – não dá conta de esperar, porque tudo é rápido e está na ponta dos dedos, então a tolerância é zero para qualquer coisa; o mundo é mágico, pois basta o pai passar o cartão de crédito. O filho não conhece a história dos pais que os fez chegar até onde estão, e tal história apresenta suor e não mágica. Se hoje o filho tem as coisas que tem (como a escola, a roupa, o tênis e as viagens) é porque os pais trabalham para isso.
“Meu filho, isso eu não posso lhe dar.” O “não” e a frustração devem fazer parte da vida do filho para que ele tenha força e resiliência, senão ele será destruído no primeiro “não”. Por exemplo, se uma pessoa não quiser namorar o jovem que nunca se frustra ele pode até m*tá-la, pois o mundo tem que lhe falar “sim” em tudo. São os pequenos reizinhos: “Sim, senhor, meu filho. Mais alguma coisa que você deseje?”, dizem os pais. Falar “não” é difícil e dá trabalho, já falar “sim” é muito mais fácil. Então tudo pode? Não, não pode. Tudo pode, mas nem tudo deve ser fornecido.
Há coisas que são “nãos”, mas que devem ser ditas com amor pelo pai e mãe, por exemplo, quando o filho é pequenininho e quer pegar uma caneta a mãe lhe fala: “Não pode”. O filho retruca: “Por quê?”. “Porque você vai furar seu olho, vai furar o céu da boca e o pescoço. Então você vai adoecer, vai morrer e eu não posso deixar.” Cada faixa de idade tem uma frustração a ser vivenciada.”
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho do vídeo: Dra. Filó faz palestra Colégio Santo Antônio 2018
Confira na íntegra:
O “não” e a frustração devem fazer parte da vida do filho para que ele tenha força e resiliência, senão ele será destruído no primeiro “não”. São os pequenos reizinhos: “Sim, senhor, meu filho. Mais alguma coisa que você deseje?”, dizem os pais.
Filomena Camilo do Vale, mais conhecida como Dra. Filó, é médica pediatra, palestrante e pregadora, nasceu na cidade de Oliveira, em Minas Gerais. Desde a infância, sua paixão por cuidar e a religiosidade, orientada por sua família, guiarem sua vida.
Com mais de 30 anos de carreira, ela atende crianças, acolhendo também suas famílias, em seu consultório em Belo Horizonte.