“Tecnicamente, só é doutor quem defende um doutorado. Médicos e advogados, por exemplo, que não possuem doutorado, estranhariam muito se a sociedade deixasse de chamá-los de doutores, porque é, de fato, um costume.
Alguns filósofos levantam uma questão que diz que, se forem tirados estes pronomes de tratamento (como o Vossa Excelência), as pessoas em geral terão outra visão destes representantes do poder – de modo que eles passem a ser vistos como comuns.
Porém, eu, Pondé, não acredito que ficar discutindo o costume que muitas pessoas têm de chamar a pessoa de “doutor” em uma padaria ou em um restaurante seja, realmente, relevante – pelo contrário, acredito que há muito mais a ser discutido que não isso. E, sendo doutor, não me sinto diminuído por saber que há pessoas sem doutorado sendo chamadas de doutoras, pois isso não tira minha identidade de doutor verdadeiro”.
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho da participação de Luiz Felipe Pondé no Jornal da Cultura em 10/04/2017.
Confira na íntegra:
Tecnicamente você só é doutor caso defender um doutorado, porém temos o costume de chamar qualquer um com um nível social mais alto de doutor. É um problema cultural que deve ser combatido? Ou um habito social irrelevante? É o que comenta Luiz Felipe Pondé.
Luiz Felipe Pondé, possui graduação em Filosofia Pura pela Universidade de São Paulo (1990), mestrado em História da Filosofia Contemporânea pela Universidade de São Paulo (1993), DEA em Filosofia Contemporânea – Universite de Paris VIII (1995), doutorado em Filosofia Moderna pela Universidade de São Paulo (1997) e pós-doutorado (2000) em Epistemologia pela University of Tel Aviv.
Atualmente é professor assistente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor titular da Fundação Armando Álvares Penteado.