
A internet de hoje está saturada de debates sobre os papéis de homens e mulheres na sociedade, especialmente quando se trata das leis criadas para proteger as mulheres, como a Lei Maria da Penha, a legislação sobre agressão psicológica e a tipificação do feminicídio. Essas leis surgiram para proteger mulheres em situações de vulnerabilidade e violência. No entanto, também existe um outro lado pouco discutido: elas podem acabar incentivando algumas mulheres a utilizá-las de forma manipulativa, como um instrumento de chantagem, ameaça ou controle.
Ou seja, enquanto uma parte das mulheres é de fato amparada pela lei, outra parte acaba utilizando o sistema jurídico de maneira distorcida. Isso gera ressentimentos e desconfiança. De um lado, mulheres que sabem que contam com o apoio do Estado, e, do outro, homens que se sentem vulneráveis, temendo que uma acusação infundada acabe sendo tomada como verdadeira.
Uma parte desse desequilíbrio também está na forma como a sociedade, tanto homens quanto mulheres, lida com agressões cometidas por mulheres. E há diversos exemplos disso.
Um dos casos mais conhecidos foi o de Johnny Depp e Amber Heard. Amber acusou Depp de agressão física e emocional, mas, após um julgamento amplamente divulgado, ficou comprovado que ela mentiu, forjou provas e difamou o ex-marido. Mesmo com essa conclusão, muitos comentários nas redes sociais continuaram a defender a ideia de que, se Amber fez o que fez, então Johnny mereceu. A questão que fica é: por que a mentira comprovada de uma mulher ainda recebe tanto apoio nas redes sociais?
Outro caso de grande repercussão envolveu o jogador Neymar, que foi acusado de estupro em 2019. O processo foi arquivado por falta de provas e a gravação divulgada por Neymar mostrou que a acusação não era verdadeira. Mas, se não houvesse essa gravação, até onde essa acusação teria avançado? Como se pode destruir a reputação de um homem com uma acusação falsa e ele seguir sua vida como se nada tivesse acontecido?
Mais recentemente, um episódio na Bahia chamou atenção: um homem teve o corpo queimado com água fervente enquanto dormia, aparentemente devido a um ataque de ciúmes de sua namorada. O homem se pronunciou publicamente, mostrando as graves queimaduras, mas muitos comentários nas redes sociais diziam: “Se ela fez isso, alguma coisa ele deve ter feito”. E para completar, a mulher que supostamente o agrediu fez uma denúncia de agressão psicológica contra ele, e o homem está agora respondendo a essa acusação. Como é possível que quem quase matou outra pessoa seja tratada como vítima pelo sistema?
Nesse ponto entra um fenômeno social preocupante: a indulgência patológica. É a tendência de normalizar e até justificar agressões cometidas por mulheres contra homens, como se esses atos não fossem graves. Existem incontáveis vídeos nas redes sociais mostrando mulheres batendo em homens, gritando com eles, xingando, humilhando em público, quebrando objetos, jogando coisas neles, dando tapas, empurrões, puxões de cabelo e até agressões mais sérias. E qual é a reação mais comum? Risos. Comentários dizendo que é “engraçado”. Gente tratando como se fosse “apenas uma brincadeira”, como “pegadinha”, como “coisa de casal”, como se a agressão, por partir de uma mulher, fosse automaticamente inofensiva.
Mas basta inverter os papéis para perceber o tamanho do problema. Se um vídeo mostrasse um homem batendo, xingando, humilhando ou empurrando uma mulher, a reação nas redes seria imediata, severa e agressiva. Haveria repúdio generalizado, revolta, pedidos de prisão, cancelamento social e exposição pública. O que, aliás, estaria completamente correto. Então por que essa mesma severidade desaparece quando a agressora é mulher? Por que a agressão masculina é tratada como violência, mas a agressão feminina é tratada como humor?
Estamos diante de um claro duplo padrão moral, que não protege a justiça, não protege mulheres reais e não protege homens. Apenas cria distorções.
Sim, é inegável que ao longo da história, muitas mulheres sofreram violência real de homens, em vários contextos. E é justo que elas tenham leis para sua proteção. No entanto, reconhecer essa violência histórica não pode justificar que se crie uma nova categoria: a do homem como cidadão de segunda classe, vulnerável a abusos legais, a julgamentos precipitados e a estigmatizações automáticas.
As leis existem para proteger, não para gerar mais injustiça. Quando a sociedade começa a naturalizar a agressão feminina e demonizar qualquer erro masculino, estamos caminhando para a verdadeira justiça? Ou estamos apenas invertendo o foco da injustiça?
Outro ponto importante é que as mulheres vítimas de agressões também acabam sendo prejudicadas por essas leis desequilibradas. Muitas vezes, elas são vistas como mentirosas simplesmente porque algumas mulheres utilizam as leis de maneira manipulativa. Isso prejudica a credibilidade das vítimas reais e cria uma falsa sensação de que todas as mulheres podem ser desonestas.
Além disso, há um grande problema na definição e interpretação de algumas dessas leis. Por exemplo: o que caracteriza “agressão psicológica”? Em muitos casos, isso pode ser qualquer coisa, desde um “bom dia” não dado até um simples mau humor. A interpretação fica a critério da mulher, e, por mais que a intenção da lei seja proteger, ela acaba sendo susceptível a interpretações subjetivas, o que pode resultar em acusações sem fundamento.
O mesmo vale para o feminicídio. A tipificação do feminicídio trouxe penas mais graves em comparação com o homicídio doloso comum. O homicídio doloso possui pena de 6 a 20 anos. Já o feminicídio tem pena de 20 a 40 anos. Isso cria uma distinção, tratando a vida de mulheres como tendo maior valor no código penal. Essa diferenciação levanta um ponto crucial: deveria a vida de uma mulher ter um valor superior à de um homem no contexto da pena? O que deveria ser feito é que todas as vidas fossem tratadas com o mesmo respeito e que as leis fossem aplicadas de maneira igualitária.
Além disso, em 2025, o Senado aprovou a equiparação da misoginia ao crime de racismo. Isso significa que qualquer comportamento interpretado como misógino pode ser punido com as mesmas penas de quem comete racismo, variando de dois a cinco anos de prisão. O problema é que misoginia é um conceito abstrato, extremamente subjetivo, que depende da interpretação de quem diz ter sofrido o ataque. Isso abre espaço para abusos legais e para acusações que não precisam nem de clareza, nem de objetividade.
Às vezes, na tentativa de equilibrar a sociedade, criamos um novo desequilíbrio. Ao tentar resolver um problema, acabamos criando outro. Ao combater uma injustiça, criamos uma nova injustiça. E muitas vezes, o inimigo que queremos combater nem existe, mas criamos esse inimigo para justificar nossas ações. Movimentos sociais que começam com o propósito de buscar justiça acabam sendo tomados por ideologias de poder, o que destrói as bases da convivência social, das famílias e dos relacionamentos.
Hoje, um homem pode ser acusado de agressão psicológica por gritar com uma mulher em uma discussão onde ambos gritaram. Pode ser acusado de estupro por tocar um dedo em uma mulher, sem que haja clareza sobre o que é consentimento e o que é agressão. Isso é perigoso. Isso é muito perigoso. As mulheres adquiriram um poder através da lei que jamais foi dado a homem algum.





















