Abaixo você confere a transcrição de um vídeo postado por Luiz Felipe Pondé em seu canal do YouTube falando sobre o feminismo e como ele influência nas relações pessoais.
“As feministas não entendem nada de mulher, embora essa seja uma frase de efeito, retórica e que faz sentido dentro de um determinado contexto. O feminismo é importante, por exemplo, desde a sua origem no movimento sufragista, em relação a sua reclamação de direitos iguais perante a lei e em relação a leis que protegem a mulher contra a violência, como a Lei Maria da Penha.
Minha crítica ao feminismo é quando ele se torna um discurso muito desqualificador em relação ao homem. A feminista Camille Paglia, por exemplo, concorda que o feminismo cria regras para as pessoas “viverem debaixo de seus lençóis”, o que atrapalha jogos s*xuais, o imaginário etc. A autora do livro Cinquenta Tons de Cinza disse, certa vez, em uma entrevista, que ela devolvera às mulheres comuns o imaginário s*xual que o feminismo proibia.
A tentativa do feminismo de, o tempo inteiro, demonizar tudo o que é masculino, de dizer que o fato de um homem dar um presente a uma mulher é sempre assédio, que o homem tem que ser igual à mulher e gostar, por exemplo, de discutir a relação amorosa (tal como a maior parte das mulheres gosta e a maior parte dos homens não gosta), que o homem deve demonstrar, o tempo todo, que tem medo, que ele não pode demonstrar nenhum ciúme etc. não é legal.
Então, as feministas não entendem nada de mulher no sentido de que não entendem nada do desejo feminino, pois grande parte do desejo feminino passa pela ideia de um homem que seja seguro, forte, que saiba o que quer e que seja capaz de tomar atitudes mais fortes.
As feministas acham que a mulher deve ser forte e emancipada o tempo inteiro, sem nenhuma insegurança em relação a sua emancipação e nem ao seu papel como mulher, inclusive no jogo s*xual. Não que o feminismo não tenha importância político-social, porém, no âmbito das relações entre homens e mulheres embaixo dos lençóis o feminismo atrapalha.
As feministas não entendem nada de mulher no sentido de que é muito raro haver um homem heterossexual falando de sexualidade, porque esse assunto normalmente é discutido por feministas e gays. Só que talvez fosse indicado que homens heterossexuais também discutissem esse assunto justamente porque eles gostam de mulheres – quando uma pessoa gosta de um assunto ela tende a se atentar mais sobre ele, até porque sua felicidade depende disso.
Há muitas mulheres que reclamam que, hoje em dia, os homens não têm mais pegada nem atitude, que são frouxos, inseguros, não sabem se colocar em nada, têm medo de demonstrar seu desejo etc. Isso tudo é efeito de um feminismo exagerado que atua na área do afeto onde ele não deveria atuar, pois transforma a afetividade e o desejo em assuntos puramente políticos. Por isso, ao invés das feministas falarem sobre mulheres, elas deveriam perguntar sobre para quem gosta de mulher, que são os homens heterossexuais.”
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do vídeo: Feminista não entende nada de mulher – Luiz Felipe Pondé.
Confira na íntegra:
Luiz Felipe Pondé, possui graduação em Filosofia Pura pela Universidade de São Paulo (1990), mestrado em História da Filosofia Contemporânea pela Universidade de São Paulo (1993), DEA em Filosofia Contemporânea – Universite de Paris VIII (1995), doutorado em Filosofia Moderna pela Universidade de São Paulo (1997) e pós-doutorado (2000) em Epistemologia pela University of Tel Aviv.
Atualmente é professor assistente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor titular da Fundação Armando Álvares Penteado.