Acredito que todo mundo já ouviu, ao menos uma vez, a mãe dizer: “quando você tiver filho você vai me entender”. É possível, inclusive, que tenhamos subestimado essa profecia materna e que tenhamos feito cara de paisagem. Então, somente quando nos tornamos mães, aquela frase com tom dramático passa a fazer sentido em nossa vida. É isso, a maternidade nos apresenta um amor inédito, que transforma toda a nossa estrutura.
Um amor que nasce tão logo tomamos conhecimento de que carregamos uma vida no ventre, ou diante daquela vida que será adotada, gestada no coração. Quando recebemos aquele ser tão indefeso em nossos braços, sentimos um misto de poder e fragilidade. Poder, porque nos percebemos diante de uma vida que dependerá de nós para sobreviver e fragilidade porque aquela vida se torna a nossa própria vida. É o nosso coração pulsando fora da nossa caixa torácica.
Um amor que, acredito ser, uma amostra do amor de Deus. Amamos tão intensamente um filho ao ponto de desejarmos que todas as dores dele sejam transferidas para nós, para que ele seja poupado. Dores de cólicas, dores de ouvido…dores da alma. O que doi no filho doi, mais profundamente, na mãe. A ideia de que um filho esteja sofrendo qualquer desconforto, seja no corpo ou nas emoções, nos trituram a alma.
Em se tratando de filhos, uma mãe sempre vai se colocar em segundo ou mesmo em último plano. A felicidade dela estará sempre condicionada à felicidade da cria. É inconcebível uma mãe feliz com um filho infeliz. É pelo filho que oramos primeiro. É pelo filho que queremos ser melhores a cada dia. Somos capazes de ofertar a última porção de alimento a eles, e ainda fingirmos que não estamos com fome. Pois não basta priorizarmos a nutrição deles, nos importamos, também, em poupá-lo de um possível remorso.
O melhor remédio para a tristeza de uma mãe é o sorriso do filho. Não há fragrância mais gostosa do que o cheiro de nossa cria. Não há nada que nos conforte mais do que ver um filho feliz. Olhar um filho dormindo é maravilhoso. Ficamos contemplando cada detalhe daquele rosto e, nesses momentos, eles se assemelham aos anjos, não importa a idade, a altura ou a compleição física.
É com os filhos que aprendemos a liberar o perdão genuíno. Não importa o que façam de errado, o nosso perdão sempre será ofertado, ainda que eles não nos peçam. E, inevitavelmente, sempre que algo não vai bem com os filhos, as mães se culpam e se perguntam: onde eu errei com ele? Sim, erramos com eles porque somos imperfeitas, somos humanas e nenhuma de nós nasce pronta para exercer a maternidade, ela vai sendo aprendida à base de acertos e falhas.
Um filho traz à tona os atributos mais sagrados, alojados na alma de uma mulher. De cara, riscamos, do nosso dicionário, a palavra egoísmo.
Fiz alusão à maternidade que consideramos ideal, entretanto, é fato que, lamentavelmente, existem muitas maternidades que fogem completamente ao que descrevi. E, não me cabe fazer julgamentos. Esse texto refere-se à regra geral da maternidade, não às exceções.