Dizem que, todos os dias, uma abelha fazia o mesmo trajeto. Voava de flor em flor, colhendo o que havia de mais puro e perfumado na natureza. No meio do caminho, porém, ela sempre via uma mosca pousada sobre um cocô de cachorro. E todas as vezes pensava: “Como pode? Há tantas flores ao redor e ela prefere o lixo.”

Certa manhã, a curiosidade falou mais alto. A abelha pousou ao lado da mosca e perguntou:
— Mosca, por que você prefere o cocô, se as flores são tão bonitas?

A mosca respondeu sem hesitar:
— Porque é o que me atrai. O cheiro é mais forte, chama mais atenção. As flores são sem graça, não me dizem nada.

A abelha insistiu:
— Mas o cocô fede! As flores têm perfume, beleza, vida. Experimente uma.

A mosca aceitou. Subiu com a abelha até uma flor e tentou fazer como ela. Tocou o pólen, aspirou o perfume — e nada sentiu. Nenhum prazer, nenhuma vontade de ficar. Então voltou para o cocô.

A abelha ainda pousou ali por um instante, mas logo se afastou. O cheiro era insuportável. Entendeu, então, que a mosca jamais enxergaria beleza nas flores — e que ela mesma nunca suportaria viver entre a sujeira.

A verdade é simples e dura: não adianta tentar convencer moscas a amarem flores.
Cada ser busca aquilo que reflete o que carrega por dentro.

Por isso, seja sempre abelha.
Mesmo que o mundo esteja cheio de moscas.

Por Provocações Filosóficas