“Uma das coisas que mais me encantam é o fato de que o povo brasileiro gosta muito de rir e de causar risos. Eu sempre procuro pela essência do cômico, ou seja, o porquê de determinadas histórias ser cômicas e outras não.
Há uma história famosa no Nordeste acerca de dois cegos, na qual um era muito forte e cego dos dois olhos, enquanto o outro tinha um olho bom e era quase paralítico. Um dia, um convidou o outro para um passeio de bote em que o mais forte remaria, e o que tinha um olho bom guiaria o trajeto. No domingo, foram realizar o passeio. Quando já estavam muito longe da praia, o cego forte puxou o remo de tal forma que este escapuliu e furou o olho bom do outro homem, e, ainda, a outra pessoa que se encontrava com eles já havia desembarcado.
Por que achamos graça numa história desgraçada como essa, que só tem catástrofe?”
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho da apresentação de Ariano Suassuna – Humor: expressão da inteligência.
Confira na integra:
Ariano Suassuna foi idealizador do Movimento Armorial e autor das obras Auto da Compadecida e O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, foi um preeminente defensor da cultura do Nordeste do Brasil.
Foi Secretário de Cultura de Pernambuco (1994-1998) e Secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014.