Alfredo Simonetti na sua palestra para o CPFL Cultura falou sobre a ligação entre ansiedade e a depressão. Veja abaixo a transcrição do trecho.

A maioria dos pacientes que desenvolvem depressão a ponto de precisar tomar antidepressivos já passaram por graves problemas de ansiedade durante um ou dois anos antes de chegarem à depressão. Ou seja, a ansiedade parece preceder a depressão. A pessoa fica cada vez mais ansiosa, até o ponto em que, como uma bateria de celular que descarrega, ela não aguenta mais. O ansioso é como uma bateria que ainda solta faísca, dando a impressão de que está funcionando, mas na verdade, já está se esgotando.

O ansioso se encaixa bem no nosso mundo neurótico, porque, em certo sentido, ele é um fugitivo. Foge tanto que, muitas vezes, não sabe nem do que está fugindo. Isso fica claro em comportamentos como: “eu quero estar aqui, mas já estou pensando no que fazer quando chegar em casa, o que vou fazer amanhã, ligar para fulano”. O ansioso está sempre no futuro, antecipando, fugindo. Mas a pergunta é: do que ele está fugindo?

Existem várias maneiras de entender essa fuga. Uma delas é por meio da análise, ou seja, da terapia. O remédio pode até tirar a ansiedade, mas não revela o que está sendo evitado. Já outra forma é se permitir ficar no “aqui e agora”. Quando você se permite parar e estar presente, você começa a perceber o que realmente está evitando. A questão é saber se você está disposto a descobrir o que está por trás dessa fuga.”

Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho do programa: O paciente psiquiátrico na cena contemporânea | Alfredo Simonetti