Neste pedaço da palestra de Leandro Karnal para o Café Filosófico sobre Hamlet, ele cita conselhos dados pelo personagem Polônio para quem busca a felicidade. Confira abaixo a transcrição do trecho.
“É muito curioso, e eu coloco isso como o sexto elemento retirado de Hamlet, que nesta peça esteja talvez o primeiro núcleo da autoajuda contemporânea. Polônio, um homem vazio, da retórica e cuja personalidade empolada ninguém suporta, dá ao filho os conselhos mais sábios, práticos e diretos para a felicidade.
Quando Laertes volta para estudar em Paris, Polônio lhe dá os seguintes conselhos aqui sintetizados:
- Não expressar tudo o que se pensa;
- Ouvir a todos, mas falar com poucos;
- Ser amistoso, mas nunca ser vulgar;
- Valorizar amigos testados, mas não oferecer amizade a cada um que aparecer em sua frente;
- Evitar qualquer briga, mas, se for obrigado a entrar em uma, que seus inimigos o temam;
- Usar roupas de acordo com sua renda sem nunca ser extravagante;
- Não emprestar dinheiro a amigos para não perder amigos nem dinheiro;
- E, por fim, ser fiel a si mesmo para jamais ser falso com alguém.
Com esses conselhos absolutamente lógicos e coerentes, é a primeira vez que a sabedoria é sintetizada em alguns versos, assim como é a primeira vez que alguém diz o princípio que, no futuro, se transformaria na gênese da autoajuda: ser fiel a si e então ser fiel a todas as pessoas.
Essa é uma ideia muito interessante porque é enunciada pelo homem mais estúpido da peça, que é Polônio, ou seja, ouça seus conselhos, mas não siga a sua prática.”
Transcrição feita e adaptada pelo Provocações Filosóficas do trecho da palestra: Hamlet e o Mundo Como Palco | Leandro Karnal
Confira na integra: