O pediatra Daniel Becker compartilhou um texto em que chama atenção para a exaustão e a solidão das mães que não tem apoio. Um vídeo mostra uma mãe cuidando de dois bebes, acordando varias vezes durante a noite para das atenção as crianças.
Assista ao vídeo compartilhado pelo pediatra e confira o texto de Becker na íntegra:
Eu vejo muitas coisas.
Exaustão: o que vai ser do dia seguinte? Privação de sono é uma das maiores causas de perda de saúde nos nossos tempos. E as mães são vítimas muito frequentes dessa condição. Fácil entender, né? A irritabilidade pode causar problemas no casamento e até no cuidado com o bebê.
Solidão: onde está o companheiro/pai? Será que ele está ausente porque abandonou, porque viajou, porque está de plantão? Ou simplesmente foi dormir no outro quarto porque “trabalha no dia seguinte”? Outra dor comum entre as mães de hoje. E a rede de apoio? Será que uma avó poderia ajudar em algumas noites? Uma irmã, uma amiga ou amigo?
Apego: uma mãe que não abre mão de atender as filhas, não importa o que aconteça. Não há violência nessa história. Ninguém é deixado sozinho chorando, para aprender que não pode confiar no cuidador. Ao contrário: há afeto, acolhimento, carinho, aceitação – apesar do cansaço.
Resiliência: na manhã seguinte, lá está ela com seu café, cuidando do dia das filhas. E lá vai ela possivelmente deixá-los na creche ou na escola, e partir para seu dia de trabalho. Penso nas mães solo, que têm noites assim como rotina diária.
Invisibilidade: milhões de mães vivem isso sem que ninguém no seu entorno saiba. Você é uma delas? Conte pra gente. Marque uma mãe pra que saiba que não é a única.
Não é humanamente possível suportar isso todos os dias sem apoio. A exaustão e o isolamento são causas comuns de depressão, adoecimento físico e mental nas mulheres, nesse puerpério que se prolonga por meses e que continua com o nascimento de um outro filho.
Por isso, se conhecer pessoas em situações semelhantes, ofereça ajuda. Visite a mãe, e não o bebê, no puerpério. Pergunte o que ela precisa. Leve uma refeição pronta, fique com as crianças e leve para passear enquanto ela descansa, se ofereça para dormir na casa dela um dia por mês. Ajude a organizar uma rede de apoio. Jamais aponte o dedo e “ensine” o que fazer, a “coisa certa”. Escute antes de falar. Ofereça um abraço, que seja. Já vai ajudar muito.
Confira o post de Daniel Becker: AQUI.