O emprego, é um curta-metragem argentino muito famoso, ganhador de diversos prêmios pelo mundo, feito em 2008 e com direção de Santiago Bou Grasso. A animação trata de maneira impactante sobre trabalho. A ideia e a história foram de Patrício Plaza, roteirista e produtor desse curta maravilhoso que, com menos de 7 minutos, consegue “sacudir” muito bem a ideia/conceito comum de trabalho.
São 07h15 da manhã. O simpático relógio desperta. Na cama, um homem sentado, ainda sonolento e visivelmente cansado. Ele esfrega a mão num dos olhos e sabe que precisa levantar para mais um dia de trabalho.
Já de pé, o homem acende o abajur, que é um homem engravatado e sem rosto. No banheiro, o espelho é “preso” por mais alguém, o “espelho-homem”. O protagonista segue para a sala com uma xícara de café e senta-se num “garoto-cadeira”, que acompanha um “casal-mesa.”
Após completar a primeira refeição do dia, o homem aperta levemente a gravata, pega seu paletó e o chaveiro num “cabideiro-mulher” e segue para o trabalho. No percurso até lá, mais cenas de uma “coisificação” aparentemente estranha, mas cheia de sentido.
“El empleo” possibilita tantas reflexões, que é capaz de atingir, de forma angustiante, a nossa percepção mais profunda sobre o trabalho. O curta é um exemplo doloroso e, nem por isso, longe da realidade do cenário social, que abriga milhões de pessoas em busca de emprego, de salários melhores, de valorização e satisfação profissional. Com maestria, o curta ilustra muito bem a relação Homem x Trabalho e reflete um olhar do Homem como um mero objeto, sem um gota de piedade.
Basta assisti-lo uma única vez para ter certeza que a sua visão de trabalho não será mais aquela proferida por Benjamin Franklin e que até hoje sobrevive como verdade – “O trabalho dignifica o homem”. Até que ponto ele dignifica o homem? Talvez seja mais plausível atentar para o significado da palavra “trabalho”, partindo de sua origem etimológica – do latim ‘tripalium’, que significa ‘instrumento de tortura’, formado por três estacas.