A síndrome de Dorian Gray é um fenômeno psicossocial, caracterizada pela excessiva preocupação do indivíduo com sua aparência e com enormes dificuldades em lidar com seu envelhecimento.
O nome dessa síndrome é uma alusão ao romance O retrato de Dorian Gray, do escritor irlandês Oscar Wilde. Gray expressa o desejo de que seu retrato envelheça em seu lugar, permitindo que ele possa viver para sempre os prazeres e as paixões da juventude.
Wilde conta a história de um homem hedonista e narcisista, um personagem que tem a obsessiva resistência ao processo de envelhecimento, ou seja, o medo extremo de que seu corpo se deforme com o passar dos anos.
Nos dias atuais essa resistência se revela numa patologia, porque se utiliza de práticas perigosas para evitar o envelhecimento, onde a vaidade e a aparência ganham uma importância exagerada.
A pessoa que sofre dessa síndrome exibe sinais de dismorfia corporal e de imaturidade emocional. Além disso, é usuária de grande quantidade de cosméticos, de incontáveis procedimentos cirúrgicos e do consumo de drogas contra impotência sexual, a fim de preservar sua juventude.
Apesar de Wilde ter recusado o caráter didático do seu livro, contudo, nos deixa uma boa lição: a busca por esse tipo de beleza adoece e para se libertar dela é necessário entender o ciclo da vida e aceitar a inevitabilidade do envelhecimento.
No final da história, Gray corta seu retrato, o que demonstra sua decadência e sua decepção com o mundo. Hoje, entretanto, o indivíduo fica depressivo ou comete sui-dio.
Jackson Buonocore
Sociólogo, psicanalista e escritor