Texto de GISELI BETSY
Artes que carregam em si mais do que formas e cores bonitas. Neste contexto temos o trabalho de Pawel Kuczynski com imagens que nos levam a questionar, interpretar e tentar entender. Pawel Kuczynski é um artista polonês formidável, nascido em 1976 em Szczecin, formado em Artes pela Academia de Belas Artes de Poznan.
Não demorou muito para que Pawel mostrasse seu talento em desenhos que usam e abusam da sátira para transmitir suas críticas sociais, recebendo quase uma centena de prêmios por eles. E ainda, por obter um número recorde de premiações em competições internacionais, recebeu o prêmio “Eryk” da associação dos cartunistas poloneses em 2005.
Pawel traz em suas brilhantes ilustrações temas como: pobreza, fome, guerra, trabalho infantil, corrupção política, maus tratos aos animais, exploração, desigualdade social e muito mais. Todos estes temas tratam da realidade atual contemporânea. “São os novos temas imortais e atemporais da Arte”, diz Pawel.
Sua arte é de primeira qualidade e a mensagem é direta, como um tapa bem dolorido. São belas ilustrações de sentidos profundos nas quais, Pawel utiliza-se da boa e velha ironia. Suas obras podem até parecer engraçadas em um primeiro momento, mas os surpreendentes desenhos de Kuczynski só podem ser reconhecidos ao receberem um olhar mais atento, tornando-se então, impossível ficar indiferente a eles.
Neste olhar atencioso podemos notar como são fortes e duras as críticas por trás das ilustrações. Críticas estas, que nos fazem questionar os governos, os veículos de comunicação, a economia, entre outros. E tudo isto sem nos dizer uma palavra, só fazendo uso de seus desenhos, que valem mais que muitas delas.
Talvez, possamos até não concordar com a visão de Pawel, mas somente pelo fato dele nos fazer pensar e duvidar, já é de grande valia, pois vivemos em um cotidiano que nos leva a agir mecanicamente, na maioria das vezes.
Para tais desenhos reveladores de traços sensíveis que nos mostra o absurdo da espécie humana, Pawel precisa apenas de papel, lápis de cor e aquarela. O resultado são obras em tons pastel, satirizadas e brutalmente expostas para um bom observador da condição humana em geral.
Existe uma sútil poesia nas obras de Pawel, versando sobre as injustiças sociais em temas universais, no entanto suas obras perderam espaço para o humor, este quase que inevitável em toda sátira, mas ao invés disto, pode oferecer rostos surpresos.
Por acaso, se algum dia nossa civilização desaparecer, como Pawel parece pressagiar em alguns de seus desenhos, as gerações futuras iriam encontrar em Pawel Kuczynski um dos mais recentes e mais lúcidos críticos do seu declínio.
E assim nesta “viagem” que até pode parecer fácil e que nos leva ao presente e futuro, eu termino este texto convidando-os a olharem mais uma, duas, três vezes até, as imagens acima e, quem sabe, refletir sobre as diferentes interpretações do significado de cada uma.
Ah sim, e para àqueles que não gostam de arte moderna Pawel diz: “Não estou interessado em pessoas comuns.”